Professores da UESPI aprovam calendário de paralisações
e indicativo de greve por tempo indeterminado
Em assembleia geral realizada nesta sexta, os docentes da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) aprovaram novo calendário de paralisações no mês de abril e um indicativo de greve por tempo indeterminado. Depois de 12 dias de paralisação, a categoria docente aprovou o retorno às aulas na segunda-feira. Os docentes, no entanto, deliberaram por uma agenda de mobilizações que inclui paralisações de 24 horas nos dias 7, 13, 19 e 27 de abril, sendo esta última data um indicativo de deflagração de greve por tempo indeterminado, caso não avancem as negociações com o governo do Estado sobre mais verbas para a instituição, melhorias estruturais, concursos públicos e reajuste salarial.
Os professores avaliaram positivamente a paralisação realizada desde o dia 21 e definiram ampliar a mobilização na comunidade universitária para pressionar o governo por continuidade e avanço nas negociações. Na última quarta, o governador do Estado, Wilson Martins (PSB) recebeu estudantes e professores da UESPI em audiência, reconhecendo a força das mobilizações na Universidade. Antes do movimento, Martins e a reitoria da UESPI diziam que não havia problema nenhum na Universidade, tentando esconder a realidade de sucateamento da Instituição, que teve 32 cursos denegados pelo Conselho Estadual de Educação por conta de questões estruturais, falta de professores efetivos, dentre outras deficiências.
“Além de conseguirmos o apoio da sociedade e mobilizar toda a comunidade universitária em defesa da UESPI, nossa paralisação teve conquistas como a abertura de negociação com o governo, garantia de concurso público para docente e técnico efetivos, pagamento das bolsas-trabalho dos estudantes e liberação de recursos para compra emergencial de papel, pincel e outros materiais. No entanto, precisamos avançar muito mais nas negociações e cobrar prazos e medidas concretas do governo para atender nossas reivindicações”, afirma a presidente da Associação dos Docentes da UESPI, Graça Ciríaco.
“O movimento estudantil teve uma participação importantíssima em toda a mobilização. Fizemos duas grandes passeatas pelas ruas de Teresina, chamando atenção inclusive da mídia nacional. Agora é fortalecer a unidade, para avançarmos em nossa organização e luta por mais verbas e autonomia financeira”, concluiu. No que se refere à campanha salarial, os docentes reivindicam o piso para professor graduado 20h de R$ 2.200,00, tendo por base o salário mínimo calculado pelo DIEESE. Atualmente, o professor graduado 20h tem salário de R$ 900,00.
“Queremos mais verbas para a Universidade, com aditivo imediato de recursos para conclusão das obras, melhorias nos laboratórios, nas bibliotecas, contratação de pessoal efetivo e assistência estudantil. Segundo a reitoria, o orçamento de R$ 110 milhões para este ano é insuficiente para tocar a Universidade. Seria necessário o incremento de pelo menos mais R$ 90 milhões para a Universidade funcionar minimamente neste ano. Também reivindicamos concurso para 700 docentes efetivos e 400 técnicos efetivos”, afirma o diretor regional do Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (ANDES SN), Daniel Solon. "O governo pretende pagar R$ 710 milhões esse ano em em juros e encargos da dívida pública, ou seja, o Estado tem muito dinheiro para os banqueiros. Esse dinheiro poderia muito bem se investido em Educação e em outros serviços públicos, que estão completamente sucateados", afirmou.
No dia 7 de abril, haverá assembleia geral dos estudantes, onde os discentes vão deliberar sobre o andamento das atividades da campanha SOS UESPI, que conta com a participação da ADCESP dentre outras entidades. No dia 13, como atividade da paralisação, haverá debate sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como forma de ingresso à universidade. No dia 19, haverá paralisação com assembleia geral para avaliar o andamento das negociações com o governo. Os docentes aprovaram paralisação com assembleia geral no dia 27 para deflagrar greve docente por tempo indeterminado, dependendo da avaliação da categoria em torno das negociações com o governo.
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