Ofício 04/2010
Às Autoridades
A Universidade Estadual do Piauí – UESPI - Campus de Picos pede socorro!
Sabemos das deficiências do Estado com relação a investimentos na área educacional, principalmente no que se refere ao ensino superior. Contudo, estes problemas têm afetado diretamente aos menos culpados pelas falhas do sistema, nós, alunos da UESPI, que a cada dia que passa nos sentimos menos respeitados, menos seres humanos dignos de uma educação de qualidade!
Estes fatos não são isolados, já que as influências vão muito além dos profissionais que quebram as barreiras da faculdade em busca do mercado de trabalho, tudo isso reflete substancialmente no seio social de diversas formas, desde a não confiança nos futuros profissionais até a extrema falta de preparo dos mesmos.
Como podemos falar em inclusão social se o mais pobre, que não tem condição de pagar uma faculdade particular, não tem direito sequer a uma formação superior decente?
Como se pode falar em dignidade da pessoa humana se não podemos sequer ter o direito de tentar mudar o estigma social que nos foi posto deste o nascimento, ascendendo socialmente através do estudo?
Como se pode falar de desenvolvimento em um estado que deixa à margem de todos os problemas a esperança de um futuro mais digno para os seus jovens?
O que, nós, meros estudantes poderemos fazer sozinhos? Gritar, espernear, lutar? Contra quem? Contra o quê? Todos se escondem na hora de assumir a responsabilidade, e então de quem é a culpa? Será que nós pedimos para sermos desrespeitados, deixados ao léu em uma sociedade que exclui, que fala, mas que pouco faz?
Por quatro anos consecutivos o Piauí esteve na lista das 20 melhores escolas do Brasil, já ganhou por diversas vezes em 1º, 2º e 3º sempre ficando entre as 5 melhores, porém todas são escolas particulares! Mas ainda assim, lhes pergunto, e nós? O que vamos fazer? Sermos analfabetos? Ou esperar que alguém um dia tenha pena, é isso aí, repito pena, e resolva fazer o que o governo nunca faz por nós?
O mínimo que se requer para o funcionamento de qualquer estabelecimento é um teto para se estar, será que somos mais criminosos do que aqueles que ceifam vidas? Sim, porque até estes têm direito a se manterem em um teto, enquanto que nós, acadêmicos, vamos ter que assistir aula ao relento, porque nem mesmo salas de aula temos! Que crime cometemos? Será que ser pobre já é uma conduta tipificada no Código Penal? Ou será que está tipificada em meio a esta política suja que só tem olhos para os grandes?
A UESPI de Picos possui um prédio com apenas 4 (quatro) salas disponíveis, para uma universidade que possui 11 (onze) cursos de ensino superior, sem contar que a obra de construção de novos blocos que foi iniciada desde o ano passado nunca foi concluída, e como se não bastasse a mesma obra foi condenada pela engenharia da UESPI! E agora?
Falando mais especificamente do curso de Direito, este não possui sequer um professor efetivo, é isso aí, nenhum professor com vínculo indeterminado com a instituição, problema este que se estende a quase todos os outros cursos.
Queria eu que os problemas parassem por aí, mas a coisa ainda pode sim ficar pior...
Não temos laboratórios suficientes, não existem condições dignas para se trabalhar! Data show? Soubemos o que era ter um no ano passado, agora já temos quatro, legal, para onze cursos! Será que dá para atender a demanda?
Não temos uma biblioteca atualizada, não temos estrutura física, não temos um auditório para realizar um evento. Pesquisa? Extensão? Mal estamos tendo o ensino, defasado, mas que pela boa vontade dos professores ainda têm alavancado o nome daqueles que “não estão nem aí!”. Digo boa vontade, porque uma pessoa que se forma, luta e escolhe para dar aula em uma faculdade que oferece salários tão “grandes” quanto um professor de ensino fundamental I, é muita compaixão!
O ápice do descaso está demonstrado pelas estatísticas, pasmem: dos 11 (onze) cursos ofertados pela UESPI de Picos 6 (seis) não são mais reconhecidos pelo Conselho Estadual de Educação! E o motivo? Isso mesmo aqueles que acabei de expor!
Tudo é uma questão de querer! Querer fazer, querer ter e querer que a educação melhore. Nós, DCE, alunos, profissionais e funcionários da UESPI, queremos! Por isso, mais uma vez estamos aqui esperneando para sermos ouvidos, conclamando à todos para se unirem a nossa causa e lutar, lutar por aquilo que acreditamos!
Pedimos aos nossos representantes que cumpram com o papel para qual foram eleitos, o de gerir nossos interesses da melhor forma possível. Ao governo que invista; ao legislativo, bem com Ministério Público, que cobre e fiscalize; e a sociedade que lute, lute e lute para que a educação se torne prioridade, para que possamos crescer e prosperar.
Precisamos de salas; auditório; laboratório de enfermagem, biologia, informática; professores efetivos; material pedagógico; livros para biblioteca e sobremaneira que seja terminada a obra de construção de 12 (doze) salas, que se prolonga no tempo há mais de um ano e meio, sendo que o investimento da construção já se encontra disponível que seja efetivada.
Pedimos mais investimentos, mais ações e políticas educacionais para a UESPI como um todo e em especial a de Picos!
A UESPI pede socorro! S.O.S UESPI!
Aguardamos RESPOSTAS!
DCE – 9 de Novembro.
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