NOTA DE REPÚDIO

Vamos contar uma história, quase um conto infantil do tipo: “era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...”, pois é, mas este não é um conto e sim o pesadelo de muitos estudantes que tem que aguentar os mandos e desmandos do nosso estado, mais precisamente dos nossos governantes – diretos e indiretos

A temerosa história se iniciou com a queda do teto da parte posterior do prédio onde funcionava a sede da UESPI – Campus de Picos, e a partir daí as coisas começaram a desabar de verdade, uma de cada vez .

Na realidade, caro leitor, se você está comovido por saber que seu filho, caso consiga passar em um dos vestibulares mais difíceis do nosso estado, estudará em uma Universidade que não oferece sequer um local seguro e propício para realizar as atividades acadêmicas, você se comoverá ainda mais por saber que não temos livros, material didático, chegou ao ponto de faltar papel higiênico! Ou seja, vá preparando sua criança, que você cuidou com tanto zelo, para frustrar seus sonhos e os de sua família.

Voltando ao problema estrutural mister se faz ressaltar que o campus-sede (do bairro Junco) conta com apenas 12 salas, não atendendo a demanda necessária para a quantidade de sofredores que estudam por lá. Contudo, o nosso grande Reitor-Sol alugou algumas salas de prédios particulares, segundo ele em caráter provisório-perpétuo, afirmando que as obras do campus iriam ser retomadas. Doce ilusão!

Pois é, caro colega, seja bem vindo, adentre as portas do núcleo do saber, da fonte soberana do ensino público de qualidade e sofra tantas frustrações como as que temos vivido desde o primeiro dia que colocamos os pés dentro da tão glorificada UESPI – Campus de Picos.

Mas as decepções e frustrações não param por aí, se você já está comovido tenha paciência e estômago que ainda tem mais, agora em 2011 o reitor afirmou que não tem mais dinheiro para alugar as salas de caráter provisório-perpétuo e que o Campus vai ficar sem aula até o governador liberar dinheiro para a construção de um novo campus. Legal! O campus ficará pronto no ano de 2256, e olha que estamos sendo generosos com relação ao tempo, se é que a obra resistirá à primeira garoa.

Imaginem vocês que nem uma reforma pode ser efetuada, porque fraudes e mais fraudes aconteceram, imaginem vocês a construção de um prédio todo. Hum, cresceram os cifrões nos olhos dos “Tios Patinhas” do nosso estado. A tristeza dos honestos é a alegria dos corruptos! Viram como é quase um desenho animado?

Como se não bastasse promessas e mais promessas, falácias e mais falácias apareceu à solução para os nossos problemas. Sim! Agora vamos ter onde estudar, que legal!

Não tenha tanta certeza, nobre colega, estamos esperando quase um milagre de Jesus Cristo para que Ele com seu poder transforme o PREMEN em um lugar digno para se estudar, porque se depender das obras que foram prometidas, já estamos condenados ao analfabetismo!

Acontece que esta reforma nunca começou e quem conhece o prédio sabe que em um mês a reforma pode ser concluída, basta um pouquinho de compaixão dos nossos representantes. É isso, já estamos apelando ao “Pelo amor de Deus” se é que pessoas que fazem o que estão fazendo conosco reconhecem a existência de um poder maior.

Resumindo em poucas, curtas e cruéis palavras: sem previsão de aulas na UESPI – Campus de Picos - neste primeiro semestre de 2011. Aí você me pergunta: - E agora? Eu te respondo: - Agora é a hora de você avaliar a possibilidade de fazer uma poupança e estudar, junto com os filhos dos grandes, nas faculdades particulares! Porque seu dinheiro e seus impostos só servem para suprir o interesse de alguns, raros, poucos... (O resto nem precisamos dizer, não é?)

Ainda precisamos dizer de quem é a culpa por toda esta história de terror? Começa de longe, lá de cima, mas vamos lá: Cadê o nosso governador que tanto prometeu? Cadê o Reitor Sol que nunca é culpado? (Coitadinho ele é a maior vítima disto tudo, quando ele fala dá até pena. Ele nunca sabe de nada!)

Ei, psiu, não chore, quer dizer, ainda não chore, tem mais vamos ao epicentro do vulcão: O problema no prédio-sede da UESPI começou após uma parceria com o governo Federal que através da EAD liberou uma verba de 400 mil para construção de salas para serem usadas por as duas instituições parceiras. O problema é que a reforma ficou por conta da UESPI. Aí, já viu né? A obra foi totalmente mal executada com falhas mais que visíveis. Precisou, então, ser isolada toda a área da construção que foi construída exatamente em cima das únicas 12 salas existentes no campus, comprometendo toda a estrutura. Agora sim pode berrar, mas chore alto mesmo, assim como nós temos feito!

O DCE esteve em reunião com o reitor várias vezes, ele sempre prometendo o fim da reforma, coisa que nunca aconteceu. Falamos com o governador, junco com o C.A. de Contábeis, só promessa. Falamos com os Deputados, alguns mostraram interesse, mas sem a ajuda do governo fica inviável qualquer ação. Falamos com Senadores, estes mostraram o seu mais ilustre “tô nem aí”, nem sequer responderem com uma mensagem automática os nossos clamores. Falamos com os vereadores de Picos, alguns manifestaram interesse, mas até o presente momento, nada foi feito. Falamos com o representante da prefeitura que ofereceu um terreno para a construção de um novo prédio, o que já é alguma coisa. Fizemos manifestações de rua, na mídia, enfim fizemos o que estava ao nosso alcance.

Agora o DCE – 9 de Novembro – vem até vocês para , lamentavelmente, dizer que infelizmente temos sido feitos de escória da sociedade e que já não temos mais muita coisa a fazer, todo o esforço que perpetramos até hoje pela luta do nosso direito constitucionalmente garantido a uma educação de qualidade tem sido vão.

O fato é que os políticos deste lugar estão muito mais preocupados com outras coisas do que com um lote de pobre que merece mesmo é ser analfabeto para votarem, assim como nos tempos antigos, nos grandes coronéis.

Não poderíamos terminar a nossa história infantil sem falar de uma linda e dramática história de amor entre reitoria e governo estadual que ultimamente tem vivido em constantes conflitos e brigas de amor o que está prejudicando, e muito, aos filhos do casal, nós, estudantes da Universidade Estadual do Piauí – Campus de Picos. Então vamos SEGUIR CANTANDO “era uma universidade muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...”

Deixamos aqui a nossa indignação e o nosso repúdio a estas pessoas que perderam a dignidade e o coração. Quanto custa a um pobre crescer da forma mais digna possível através do estudo? Custa todo este misto de sentimentos ruins que nós, estudantes, temos tido dia após dia ao ver todos os nossos sonhos serem esmagados por uma leva de fruta podre que perpetua a disparidade e a exclusão social.

Equipe DCE.